Cooperativismo e agronegócio serão ainda mais determinantes no mundo pós-pandemia

Cooperativas

25/09/2020

Publicado por Jean Paterno

O encontro com transmissão ao vivo foi organizado pela MundoCoop

Quatro grandes nomes do cooperativismo e do agronegócio brasileiro participaram, na tarde desta quinta-feira, 24, do quinto episódio da websérie Top Coopers Agro organizada pela MundoCoop, uma das mais conhecidas e respeitadas publicações especializadas sobre cooperativismo do País. O objetivo da sucessão de encontros, que reúne líderes das 16 maiores cooperativas brasileiras, é conhecer a visão de ícones da área sobre o futuro do setor no Brasil e no mundo.

Os convidados responderam a diversas perguntas, a primeira foi sobre a importância do agronegócio para o planeta. O presidente da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda), Carlos Augusto Rodrigues Neto, afirmou que o momento é diferente, em função da pandemia, mas de grande relevância para o Brasil e ao agro, que participam com tanta força e importância do cenário alimentar internacional. Por sua vez, o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, disse que em 30 anos o País cresceu 340% na produção de grãos e somente em 70% em novas áreas.

Essas, segundo Dilvo, são respostas relevantes que o Brasil dá ao mundo, comprovando que o País, ao lado da América do Sul, tem as melhores condições para dar segurança ao planeta quanto à crescente demanda por alimentos. E o cooperativismo, por tudo o que representa, é indispensável nesse processo. “Os dados nos credenciam para uma nova jornada, com reserva cambial de US$ 370 bilhões conquistadas pelo agronegócio, e fizemos isso com novas tecnologias, aumento de produtividade e com trabalho dos nossos produtores rurais. O Brasil é e será um grande produtor de alimentos sustentáveis. Somos os que mais temos áreas verdes preservadas e condições de expandir na agricultura”.

A segurança alimentar é um tema crítico, citou o CEO Brasil da UPL, Fábio Torretta. “A população mundial crescerá nas próximas décadas e a produção de alimentos precisará expandir em 70% para fazer frente à demanda. Mas essa questão chama atenção também aqui, onde, segundo o IBGE, há mais de dez milhões de pessoas em insegurança alimentar grave. Por isso, o agro e o cooperativismo assumem papéis preponderantes. O Brasil será responsável para adicionar 30 milhões de hectares à produção de alimentos sem derrubar uma única árvore sequer. Por isso, somos estratégicos nesse tema para todo o mundo”.

O consultor, escritor e especialista em temas do agro, José Luiz Tejon, ressaltou que o mundo nos próximos dez anos dará um salto extraordinário, vai consumir mais de tudo. “A história mostra avanços impressionantes depois de grandes crises. O País evoluirá no empreendedorismo, produtividade e renda. Teremos uma intercooperação global nunca antes vista. Não se prospera sem cooperação, que é a essência da vida. O cooperativismo hoje e para esse futuro próximo é imprescindível”. Carlos Augusto, da Cooxupé, afirmou que as cooperativas se mantêm primordiais, tanto no que diz respeito à produção quanto à geração de empregos e renda.

A força da cooperação

Sessenta por cento do movimento de todo o agronegócio paranaense passa pelas cooperativas, que terão faturamento próximo de R$ 100 bilhões em 2020, observou Dilvo Grolli. Os investimentos do agro para este ano no Estado fecharão em R$ 2 bilhões e as exportações ultrapassarão os R$ 4 bilhões. “No Paraná, onde tem cooperativa há IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) alto. O Oeste foi fortemente influenciado pelas cooperativas, que fizeram dos grãos proteínas vegetais e animais e isso melhora as condições de emprego e de qualidade de vida. Aqui, na nossa região, o volume de recursos do agro que passam pelas cooperativas chega a 72%”, afirmou o presidente da Coopavel.

O Paraná detém apenas 2,3% do território nacional e produz perto de 20% da produção de grãos, com preservação de 27% do seu território. É nesse contexto que as cooperativas se inserem, sempre agindo com responsabilidade na preparação do produtor rural e do seu entorno para que os projetos em curso deem o retorno esperado. Tejon falou sobre uma pesquisa mundial que indica que onde há cooperativas existe riqueza e onde elas não estão há pobreza. Fábio Torretta pontuou sobre tecnologia, produtividade e inovação, aspectos que têm as cooperativas como grandes disseminadoras. Outro movimento em curso é o do fortalecimento das marcas, que reverenciam origem e mostram a pujança do Brasil para todo o mundo.

O diretor da MundoCoop, Luiz Cláudio, perguntou sobre a participação das mulheres e a inserção dos jovens no movimento cooperativista. “Temos programas específicos para formação de jovens e mulheres. De alguns anos para cá, há mudanças significativas principalmente quanto ao envolvimento de agricultoras no agro. As famílias passam a se envolver mais no universo das cooperativas e percebemos isso com força aqui na Cooxupé, que conta com mais de 15 mil associados”, disse Carlos Augusto. Ele destacou o papel das cooperativas no processo de divulgação de novas tecnologias e conhecimentos que impulsionam indicadores sociais e econômicos.

A mulher hoje está muito mais ativa no agro do que há 20 anos, acentuou Dilvo Grolli. E isso tem relação com os avanços do negócio nas últimas décadas aliada à busca de formação técnica e acadêmica pelos filhos e netos dos agricultores. Há forte disrupção com o passado. A nova geração assume funções destacadas e posições de comando nas propriedades. “A volta da juventude para as propriedades rurais é uma grande oportunidade de negócios, com possibilidades e ganhos mais expressivos”, afirmou o presidente da Coopavel.

O quinto episódio da websérie também tratou sobre intercooperação, busca da excelência em toda a cadeia do agro, agregação de valor, saúde vegetal e perspectivas. “Diante de tudo o que o Brasil tem e representa nessa área, é possível afirmar que o País assumirá um protagonismo interessante em um segmento tão importante”, disse Fábio Torreta. E quanto à produção nacional de grãos, Dilvo Grolli afirmou que deverão ser colhidas em 2025 cerca de 300 milhões de toneladas e em 2030, 450 milhões. O crescimento será significativo também na produção de carnes, assegurou ele.

Crédito: Assessoria