Em defesa da agropecuária: Dilvo Grolli alerta que pedágio pode ficar com 4% do VBP anual do Paraná

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19/03/2021

Publicado por Jean Paterno

Há meses, líderes que representam os mais diferentes setores produtivos do Paraná chamam atenção para um tema dos mais urgentes aos interesses do Estado. Eles apresentam argumentos sobre os prejuízos que a proposta do Ministério de Infraestrutura, sobre o novo modelo de concessão de rodovias, poderá trazer à competitividade dos produtos agropecuários paranaenses. “Caso o que pontuamos seja ignorado, o custo somente para a agropecuária será de 4% do Valor Bruto da Produção, estimado em R$ 140,9 bilhões em 2021”, informa o presidente da Coopavel e integrante do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), Dilvo Grolli.

A informação foi dada por Dilvo na tarde desta sexta-feira, 19, durante nova rodada de diálogos sobre a futura concessão entre representantes de entidades empresariais e de produtores rurais e diretores e técnicos do Ministério de Infraestrutura. O líder agropecuarista disse que a previsão de receita do novo modelo é de R$ 156 bilhões inicialmente em 30 anos o valor poderá ser de mais de R$ 300 bilhões. “O custo, de 4% do VBP por ano, é incompatível com a receita e as margens dos produtores rurais”, conforme Dilvo. A agropecuária e os agricultores do Oeste do Paraná tiveram um custo elevado nos últimos 24 anos. Sem a estrutura de transporte correta e necessária, as perdas anuais de hoje ultrapassam os R$ 300 milhões.

Sem outorga

Durante sua exposição, Dilvo Grolli reforçou aspectos considerados fundamentais ao setor primário. “Somos contra a outorga onerosa, porque limita o desconto máximo na tarifa em 17%. E temos exemplos, de outros estados, com descontos acima dos 50%. O degrau tarifário, que seria praticado para custear obras de duplicação, chegaria a 40%, outro ponto fortemente combatido”. “Queremos tarifa pelo menor preço. Não estamos buscando benefícios ou privilégios, apenas o direito de sermos tratados como os outros estados da Federação”.

Competitividade

O Oeste e o Paraná tem parcela considerável de seu PIB formada por commodities. “Produzimos grãos e carnes, que têm pouco valor agregado. Somos competentes da porteira para dentro, mas perdemos em logística quando transportamos nossa produção para os mercados interno e externo. O elevado custo do pedágio tira a nossa competitividade”. O modelo proposto pelo Ministério de Infraestrutura aumenta de 2,8 mil para 3.327 quilômetros o trecho de concessão e as praças de cobrança saltam de 15 para 42. “O Governo do Paraná, em atenção aos clamores da sociedade, aceitou e entendeu as nossas sugestões, principalmente quanto à não aplicação da outorga onerosa”.

A previsão inicial de arrecadação é de R$ 156 bilhões, com aplicação de apenas R$ 42 bilhões em obras. E o restante, R$ 114 bilhões, para onde vai essa montanha de dinheiro?, questiona Dilvo Grolli. “Pagamos, de 1997 a 2021, um dos pedágios mais caros do mundo e não podemos mais cair nos mesmos erros que nos levaram a uma situação tão dramática”, afirma ele.

A Comissão da Agricultura do Senado deseja debater o assunto e já se demonstra preocupada com a intervenção e os riscos que o pedágio representa ao agronegócio brasileiro. A CNBB se manifestou recentemente e falou de sua preocupação quanto aos impactos do novo modelo às comunidades e à economia nacional.

Dilvo em reunião virtual, organizada pela Fiep, com técnicos e diretores do Ministério de Infraestrutura

Credito: Assessoria